Résumé
As migrações internacionais, expressões concretas da desigualdade social e pobreza estrutural que afeta diferentes povos, territórios e países, revelam processos de exclusão e expropriação de significativo contingente populacional. Ao impor ajustes estruturais, advindas do capitalismo central para os países do capitalismo periférico e dependente, são intensificadas as assimetrias entre povos e nações, contexto no qual as migrações e migrantes resultam criminalizados e passíveis de autos de infração ou imputação criminal. Os marcos regulatórios (legislações) sobre migrações têm desenvolvido o refinamento dos mecanismos de controle migratório e militarização das fronteiras, que autorizam ou não a entrada de migrantes, garantindo assim que aos países de destino chegue somente o desejado: a força de trabalho migrante, mas não seus corpos, nem suas subjetividades e identidades. Apesar de terem seus direitos reconhecidos internacionalmente, os migrantes continuam submetidos à lógica prevalente da soberania dos Estados nacionais em exercer as suas prerrogativas legislativa, administrativa e jurisdicional no desenho dos marcos legais de controle e gestão dos fluxos migratórios, com significativas restrições no acesso e garantia de direitos de cidadania e proteção social. No contexto regional sul-americano, situam-se diferentes fóruns multilaterais que buscam definir princípios, equalizar parâmetros e agendas comuns voltadas ao tema migratório, com impactos nas políticas públicas dos Estados-membros, apesar das deliberações não serem necessariamente vinculantes e que obriguem a sua adoção, por parte dos Estados nacionais. Com base na revisão da literatura e análise documental como procedimento metodológico, se objetivou analisar, a partir dos debates e pactuações multilaterais realizadas, até 2015, nas Conferências Sul-Americanas sobre Migrações (CSM), na União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) e no Mercado Comum do Cone Sul (MERCOSUL), o tratamento dado a questão migratória e direitos humanos aos migrantes intrarregionais e residentes fronteiriços, com impactos nas políticas sociais dos Estados-membros, dentre os quais, o Brasil.
Mots clés (séparés par des virgules)
Migrações Internacionais, Direitos Humanos, Cidadania, Pactuações Multilaterais, Mercosul.